É realmente possível fugir das regras de estilo?
Uma resposta aberta para quem ainda me pergunta isso em 2025
Querida consultora,
Toda vez que eu falo que consultoria de estilo, em 2025, precisa estar atualizada e desconstruir visões ultrapassadas do que é certo e errado, bonito e feio, elegante e cafona, recebo mensagens de consultoras falando que adoram essa ideia, mas que suas clientes têm estilos mais tradicionais.
Ora, ora, querida consultora, quem precisa ser desconstruído é o seu olhar e não o estilo da sua cliente.
E isso não é só sobre deixar o preconceito de lado. É sobre ter repertório suficiente para fazer leituras visuais que vão além dos próprios gostos e julgamentos pessoais. É ter a capacidade de enxergar a narrativa daquela pessoa sem projetar os seus próprios filtros (ou pelo menos tentando). E é aqui que a semiótica entra como uma ferramenta poderosa: para traduzir significados que não estão óbvios, que estão nas entrelinhas das escolhas visuais da sua cliente.
Se você está trabalhando com pessoas, precisa entender que ninguém tem que nada, mas se quiser, pode.
Não ter certo e errado significa justamente que a cliente pode ser tradicional ou vanguardista, básica ou extravagante, pode querer se vestir igual a todo mundo ou ser diferente.
Se a gente cai na falácia que a cliente tem que ser diferentona, precisa ir contra a corrente, não pode querer usar salto ou ser elegante, bem, a gente está criando novos ideais, novos padrões e a ideia de certo e errado se perpetua.
A cliente pode ter o estilo que quiser e que funcionar pra vida dela.
Porque, afinal, se consultoria de estilo é sobre trabalhar com pessoas, isso também significa que precisamos considerar os contextos sociais em que essas pessoas estão inseridas - se a sua cliente vivesse sozinha numa ilha deserta, dificilmente ela teria questões com o vestir.
Bem, acontece que na contemporaneidade, esses contextos sociais são complexos, paradoxais e estão em constante transformação. O que fazia sentido há poucos anos pode não fazer mais. As referências culturais, os códigos visuais e as expectativas de imagem se transformam o tempo todo. Por isso, é necessário ter a disponibilidade de desconstruir conceitos aprendidos, revisitar crenças antigas e estar disposta a olhar para a moda e o vestir com olhos novos constantemente.
E você, consultora, que deveria ser a profissional mais preparada para lidar com a pluralidade de estilos, talvez ainda esteja presa a rótulos e padrões que já não fazem sentido. Talvez seja a hora de olhar no espelho e perceber que o que precisa ser desconstruído não é o estilo da cliente, mas o seu próprio olhar.
Afinal, se você ainda carrega aquele velho livro de regras do que pode e não pode, talvez já esteja 30 anos atrasada. As demandas contemporâneas exigem um repertório muito mais amplo e uma visão que vai além do que é elegante ou cafona.
Então, se ainda parece estranho deixar essas regras para trás, talvez a primeira mudança deva ser em você.
E isso, minha cara, é a verdadeira desconstrução.
Se esse papo te interessa, tenho um convite para te fazer: dia 13 de maio começa a Semana Pensar Estilo. Serão 4 aulas em que vou explorar melhor esse tema, falando sobre a falha semiótica dos estilos universais, a importância do repertório e ainda vou mostrar alguns cases reais para vocês entenderem na prática como eu trabalho. Quer participar? É só clicar aqui.
estou ansiosa pela semana pensar estilo!